Cante sem chorar!

12.5.09

Ai,que cafona...

Vestir roupinha de plástico no liquidificador e futricar com as vizinhas pelo muro já é demais. Colocar toalhinha de crochê em cima da televisão e fazer curso de pintura em sabonete, também não rola. Cafonice tem limite. Pelo menos é o que dizem os indivíduos modernos. Eu me considero assim também, mais vanguarda do que nostálgica. Mas que certas cafonices fazem um bem danado, lá isso fazem.Eu sempre achei um horror aqueles quitutes de festa do século passado. Era um tal de embrulhar o repolho com papel alumínio e espetar ali uns palitos de dente com salsicha e queijo... Que tosqueira. E eis que, hoje, adoro ser socialmente cafona. Adoro fazer e comer aquelas batatas de bolinha cozidas e dispostas na travessa com azeite, sal e temperinhos. Adoro dobrar os guardanapos em formatos específicos e colocar em cima do prato ou ao lado dele quando visitas vêm almoçar aqui. Adoro até servir café com um biscoitinho no pires! Minha vó ficaria orgulhosa.Ser cafona é ser feliz. Embrulhar presente em casa, por exemplo, é uma alegria plena. Fora com essas caixas e sacolas com o nome da loja estampada! Legal mesmo é comprar papel de presente, cortar no tamanho, grudar com durex e meter um fitilho de cor berrante no cantinho do pacote. Ser cafona é perder tempo e adorar tudo isso.Nem ligo se as visitas vão reparar que a louça suja está na pia, mas mesmo assim digo isso pra elas: “não repara a bagunça, hein?”. É uma delícia. Uma única frase nos transporta cinqüenta anos para trás, quando a tal bagunça existia apenas na mente da dona da casa. Além disso, torna-se quase impossível dispensar frases como “faz de conta que a casa é sua” e “não faça cerimônia”. Tem coisa mais jeca? E mais cordial?De pequena, eu achava renda o supra-sumo da breguice. Pro meu desgosto, todo mundo ao redor parecia amá-las – tanto que elas eram pregadas nos meus vestidos, nas meias, na tiara de cabeça. Rendada até a alma, eu tinha que comparecer em casamentos e outros eventos. Ficava parecendo uma pipoca que recebeu radiação, explodiu e quadruplicou de tamanho. Todo mundo achava chique, eu achava absurdo. Hoje, adivinhem: estou caçando um tecido rendado para fazer cortina na cozinha...É cafona fazer trança de raiz no cabelo, mas esse ainda é meu penteado favorito. É cafona ouvir Sinatra, mas ele deu de se esgoelar aqui no meu iPod. É cafona ter avenca, mas minha sacada vai ganhar uma dessas assim que for possível (mas não será um modelo fajuto de plástico, fiquem sossegados).Também, vou dizer, até os mais bem-lançados são cafonas, viu. Chamam isso de “moda cíclica”, mas a verdade é que os estilistas, por exemplo, são uns carinhas bem cafonas que não vêem a hora de fazer calças de boca larga, blusa de lantejoula e escovar cabelos a la Farrah Fawcett. Chefs de cozinha, idem: querem parecer moderníssimos, mas estão lá usando gelatina sem sabor e chamado o prato de “terrine”, quando a coisa parece tão somente um cuscuz de pobre.Tá bem, não vamos exagerar e voltar ao sofá coberto com capa plástica, à máquina de escrever ou à vitrola (apesar de eu achar os dois últimos lindos de morrer). Mas que tal se a gente cafonear um pouquinho o dia-a-dia e lembrar o que é tão bom, tão modesto e tão simplório, hein? Ah, eu vou fazer isso. Não repara, tá?

7 comentários:

Mari disse...

Oi,linda

Todos nós temos nosso dia de cafonice,nénão??Minha mãe chama cafonice de "nostalgia" e até chora quando vê um pinguim de geladeira,pois se lembra da casa de minha avó!
É isso aí,o que dá pra rir,dá pra chorar....

Beijocas

Unknown disse...

Lindona!!!!

Adorei!

É sempre muito bom vir aqui, mas ando numa correria louca (acho que todos andamos assim, né). Hoje eu vim e adorei seu texto com as coisas antigas, nostálgicas e gostosas de se fazer.

Minha terapeuta diz que sou hiperativa, mas um bom bordado ponto-cruz me deixa calminha, calminha.

Um beijo.

João Moreira disse...

Olá querida,
Cada um tem sua mania, cada um tem suas modas, gostei, com já é normal, é sempre bom vir aqui.
Fica bem amiga
Beijos perfumados

nd disse...

Olá, andava sumida por aqui...

Onde estão as 7 mulheres ? acabou ? que pena...

Bom, mas voltando ao teu post, nota 10 !
Adoro algumas cafonices e olha que no meu AP tem algumas. Adoro fazer coleção de guardanapos de tecido, cada um mais bem bordado que outro, qdo vou a alguma feirinha regional, é a 1ª coisa que procuro para comprar. Tbm não gosto de deixar evidente a loja que acabei de comprar um presente. Faço coleção de caixa de presentes. Qdo sou apresentada a alguem ainda digo "muito prazer" !!! rsrsrs
Ah minha linda, são tantas cafonices que tenho, vc nem imagina. Sem contar no monte de móveis antigos que faço questão de preservar.
Só não tenho meu pinguim em cima da geladeira, pq ele caiu e quebrou, mas já estava comigo desde minha avÕ.

Bjs,

Que bom vc apareceu ! sou te seguir.

Anônimo disse...

Ah! Muito divertido seu blog, parece a Barbie...no melhor dos comentários, of corse...
Cafona eu? Pode ser...as vezes...
esmaques pra ti guria!

Anônimo disse...

é como vc disse. ser cafona é ser feliz.
enquanto li lembrei de várias coisas da infância... mto bom.
acho que sou cafona tb rsrsrs

Evandro Varella disse...

A cafonice é o máximo, adoro (sem exageros), rsss
Tá sumida!
Abraços